O que denominamos “corpo” em psicanálise? Trata-se de uma questão primordial, pois quase todos, senão todos os conceitos fundamentais da psicanálise, elaborados sucessivamente por Freud e Lacan, implicam o corpo: traumatismo, pulsão, libido, sintoma, gozo, objeto… Conceitos que, em suma, tentam explicitar “o mistério do corpo falante”, ou seja, o que se passa entre o sujeito e seu corpo, cujas consequências repercutem nas relações do sujeito com o outro e consigo mesmo, em sua vida social e erótica e, eventualmente, em seu percurso analítico.
Corpo e linguagem encontram-se, pois, intimamente imbricados conceitualmente e clinicamente, constituindo a pedra angular deste seminário de Colette Soler. Como o órgão incorpóreo que é a linguagem se incorpora ao organismo vivente? Quais são as consequências desse encontro entre linguagem e corpo? A questão é essencial, pois o “corpo” que interessa ao psicanalista em sua clínica é, justamente, o corpo afetado pela linguagem.
Trata-se, portanto, de uma obra de referência, que poderia ser considerada “metapsicológica”. Portanto, certamente poderá ajudar o leitor a melhor se situar em um corpo conceitual amplo e nem sempre de fácil apreensão.